Em um mundo cada vez mais saturado de plástico, um crescente corpo de pesquisa está soando o alarme sobre os riscos potenciais à saúde representados pelos microplásticos - pequenas partículas que se infiltram em nossos corpos através de alimentos, água e até mesmo do ar que respiramos.
Estudos agora sugerem que esses poluentes generalizados podem aumentar o risco de vários tipos de câncer, incluindo leucemia, linfoma, câncer de próstata, câncer colorretal e câncer de pulmão. Embora os próprios microplásticos possam ou não ser diretamente cancerígenos, eles atuam como transportadores de substâncias tóxicas, interrompendo as funções celulares e criando condições propícias para a formação de tumores.
O problema começa cedo na vida, com bebês expostos a microplásticos em níveis milhares de vezes maiores do que os adultos, principalmente por meio de mamadeiras plásticas. À medida que essas partículas se acumulam na corrente sanguínea e nos órgãos, elas podem desencadear inflamação, danos ao DNA e disfunção imunológica – fatores-chave no desenvolvimento do câncer.
Como os microplásticos alimentam os riscos de câncer
Os microplásticos, definidos como partículas menores que 5 milímetros, e suas contrapartes ainda menores, os nanoplásticos, são onipresentes no meio ambiente. Eles entram no corpo por ingestão, inalação e absorção pela pele, acumulando-se em órgãos vitais como pulmões, fígado e cérebro. Uma vez dentro, essas partículas podem atuar como transportadores de produtos químicos nocivos, como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), metais pesados e desreguladores endócrinos, como o bisfenol A (BPA).
As propriedades químicas dos microplásticos permitem que eles transportem substâncias tóxicas para o corpo. Essas substâncias podem interromper as funções celulares normais, levando a mutações genéticas, proliferação celular anormal e disfunção do sistema imunológico - todas as quais contribuem para o desenvolvimento do câncer.
Riscos específicos de câncer
A pesquisa relacionou a exposição a microplásticos a uma série de tipos de câncer. Por exemplo, um estudo de 2024 publicado na eBioMedicine encontrou microplásticos em tecidos tumorais de próstata, com poliestireno – um plástico comum usado em embalagens de alimentos – presente exclusivamente em tecidos cancerígenos. Da mesma forma, estudos sugerem que os microplásticos na medula óssea podem interromper a produção de células sanguíneas, aumentando o risco de leucemia e linfoma.
O câncer colorretal, o terceiro câncer mais comum em todo o mundo, também tem sido associado à exposição a microplásticos. Um estudo de 2023 em Cancers (Basel) descobriu que os microplásticos podem danificar a camada de muco intestinal, permitindo que bactérias e toxinas nocivas penetrem no revestimento intestinal e desencadeiem inflamação. Além disso, os microplásticos podem transportar bactérias como cepas de E. coli que produzem genotoxinas, aumentando ainda mais o risco de câncer.
O câncer de pulmão é outra preocupação, principalmente para indivíduos em indústrias que envolvem fabricação ou reciclagem de plástico. Os microplásticos transportados pelo ar, liberados durante o desgaste dos pneus e a degradação do plástico, podem causar inflamação pulmonar crônica, um conhecido precursor do câncer.
A exposição aos microplásticos começa na infância, com mamadeiras plásticas liberando milhões de partículas por litro de líquido, especialmente quando expostas a altas temperaturas. Um estudo de 2020 na Nature Food descobriu que as garrafas de polipropileno podem liberar até 16,2 milhões de partículas de microplástico por litro durante a preparação da fórmula.
A água engarrafada é outra fonte significativa. Um estudo de 2024 publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences detectou uma média de 240.000 partículas de plástico por litro em marcas populares de água engarrafada, sendo 90% nanoplásticos. Essas partículas, geralmente compostas de PET e náilon, podem se acumular no corpo ao longo do tempo.
Os especialistas recomendam minimizar o uso de plástico para reduzir a exposição. Por exemplo, os pais podem escolher mamadeiras de vidro. Também é importante evitar armazenar líquidos quentes em recipientes plásticos e evitar embalagens plásticas para alimentos e bebidas. Mudanças simples no estilo de vida, como usar sacolas de pano reutilizáveis e evitar plásticos descartáveis, também podem fazer a diferença.
À medida que os microplásticos continuam a permear nosso meio ambiente, seus impactos potenciais na saúde - particularmente seu papel no desenvolvimento do câncer - não podem ser ignorados. Embora mais pesquisas sejam necessárias para estabelecer a causalidade direta, as evidências que ligam a exposição a microplásticos ao aumento dos riscos de câncer estão aumentando. Artigo de Referência: Naturalnews.com
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